novembro 19, 2008

Blogagem coletiva 19 de novembro: minha infancia e a covardia de bater em criança

Eu pensei em participar da blogagem coletiva "BATER EM CRIANÇA É COVARDIA", divulgada pela comunidade do Orkut Pediatria Radical.

Depois dei uns tapas no Gabriel (porque ele bateu na Ana) e pensei que seria hipocrisia de minha parte.

Então fui ao Mamiferas, li os textos da Tata, da Kathy e da Kalu e resolvi tentar me libertar do "mal".

Para quem tiver paciencia de ler, peço que comente ao final.

Eu sou a irmã mais velha de cinco filhos. Minha mãe nunca trabalhou fora e meu pai, desde que eu me conheço por gente, sempre trabalhou na mesma empresa, até se aposentar. Ele foi guarda-porteiro por quase 30 anos, trabalhava em 3 horarios diferentes, e quase nunca participava da nossa vida em familia.

Os momentos com meu pai eram dois ou três por ano, numa ida à praia, ou ao clube do qual eramos sócios, e só.

Minha mãe, sempre considerei uma guerreira, dava conta de tudo sempre com muito zelo e ainda conseguia fazer um bico aqui e outro ali, para comprar-nos uma roupa, um sapato e doces, de vez em quando.

Nossa vida não era fácil, financeiramente falando, mas a gente teve a "liberdade" dos anos 80 de: brincar na rua, jogar bola descalço, brincar de taco, correr na chuva, soltar pipa, jogar bolinha de gude, entre outras brincadeiras, graças a minha mãe e meu tio Misael, que sempre estavam conosco! Quando meu pai estava em casa, tinhamos que brincar no quintal, sem fazer barulho, nem bagunça...

Eu não culpo meu pai pelos "métodos dele" de tentar nos proteger do "mal" de um bairro pobre e violento, mas ficaram feridas que custaram a cicatrizar, e eu acho que sou a menos traumatizada lá de casa...rsss

Como a mais velha, eu tinha sempre que ajudar e ser o exemplo, e se não fosse, eu pagava o preço de ter sido a primeira filha.

Eu até achava legal cuidar dos irmãozinhos, ser elogiada como a esperta, inteligente e madura, mas as cobranças definitivamente não eram legais...

Eu apanhei muito na infancia, mais da minha mãe do que do meu pai.

Apanhei de minha mãe de varinha de café, de chinelo, de "fio de ferro", dentre outras coisas, e era quase toda semana, geralmente por não cumprir as tarefas domesticas.

Do meu pai, apanhava de cinto de couro, de "porrada" e até de "sarrafo" de madeira aconteceu... Não vou citar todos os motivos, mas a do sarrafo foi porque rasguei um saquinho de amendoim de forma errada e derramou tudo no chão. Eu com medo de dizer a verdade, menti para não apanhar, e apanhei, obviamente, porque meu pai percebeu que eu estava mentindo.

Eu sempre achei justas as surras de minha mãe, porque antes de bater ela falava "mil vezes" comigo, então eu achava que ela estava na razão, mas com meu pai...

Não havia dialogo, não tinha conversa antes. Existiam as leis e pronto. Descumpriu as leis e o pai estava num dia de "cão" (era quase sempre por causa do trabalho), tome surra!

Poucas vezes eu apanhei do meu pai, mas eu lembro de cada surra, lembro mais do ódio no olhar do que da dor em si (aliás eu quase nunca sentia dor, o que doia mesmo era ver o ódio dele contra mim) e eu me lembro que sempre desejava que ele morresse nessas horas. Muitas vezes queria que minha mãe se separasse dele, ou que algum "bandido" o matasse ou sofresse um acidente. Certa vez, cheguei a fugir de casa por algumas horas.

A infancia passou, eu cresci acreditando que nunca ia bater nos meus filhos. Acreditava que isso seria bem fácil para mim, mas não é.

Primeiro - não é fácil porque eu prefiro dar uma chinelada do que ficar gritando histérica como muitas vezes minha mãe fazia (isso me traumatizou tanto que cheguei ao ponto de querer casar logo para me livrar dela)

Segundo - não é fácil porque eu "vejo" lógica em explicar e conversar bastante, e quando não há saida, mostrar quem é que manda e que existem limites, como minha mãe fazia.

Terceiro - não é fácil porque eu vejo uma evolução "na situação que eu vivia" e na que meus filhos vivem hoje, em vários aspectos. E acho que eu sou muuuuuuuito mais tolerante que meus pais.

Quarto - não é fácil porque, lá em casa, quem menos apanhou foram os mais rebeldes e coitadinhos, e hoje eles são os mais "perdidos" na vida.

Mas, eu sei, nada disso justifica, e escrevendo aqui, agora, vejo tudo de forma muito mais nebulosa do que via antes.

Não concordo mesmo com a violência doméstica e faço de tudo antes de dar um tapa (que dói mais em mim do que neles, eu acho) mas acho que o pior é demonstrar ódio por um filho que a gente tanto ama, no momento da explosão.

Eu não quero ser a mãe perfeita não, mas quero ser uma mãe melhor a cada dia sim, porque acredito que isso fará diferença no futuro dos meus filhos.

Não escrevi isso tudo para me fazer de coitada, mas para entender-me, e queria "ler" a visão de vocês sobre o assunto, suas experiências e opiniões sobre isso tudo.

Creio que me fará bem, vai me ajudar a evoluir, mudar para melhor.

Obrigada por lerem!

beijo

13 comentários:

  1. Hum, eu acho esse assunto de bater/não bater em criança muito confuso... por um lado, eu fui criada com algum ou outro tapa (geralmente de chinelo e na bunda, cinto não me lembro mas acho que não). Meu pai foi criado assim e até hoje acredita que é o certo, e eu hoje penso que se não tivesse levado certos tapas não teria aprendido a me 'emendar'. Mas li o texto do mamíferas hoje cedo também, e tenho que admitir que elas tem razão também... ou seja, um nó. Como não tenho filhos, ainda tenho tempo de pensar no assunto e observar em casa as ações e reações de minha irmãzinha, que vez por outra leva uns e outros, mas só depois que não obedece mesmo falando vááárias vezes.
    Mas é um assunto bem complicadinho mesmo, né?
    Beijoss

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  2. Olá! Tbm fiz a blogagem coletiva no meu blog, sou totalmente contra a palmada, e expus lá no meu blog as minhas experiências em relação a isso...

    Beijos, adorei seu blog!

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  3. A questão da palmada na criança é bem séria mesmo, pois tudo na vida depende de tudo! TUDO!
    Como somos todas brasileiras vamos falar do nosso querido Brasilzinho. Dá certo lá? Não, não dá! A educação do país não ajuda, nada ou quase nada, para facilitar as coisas... desde o jeito como as pessoas falam até ao jeito que elas (nós) ensinam... isso é um ciclo, um vício!
    ***
    Quero citar uma série que não me sai da cabeça quando falo neste assunto... SMALLVILLE!
    O jeito como o tal Clark Kent (jovem) foi criado, gente aquilo sim é uma bela educação, uma obra magnífica de Alfred Gough!
    Não precisa ser americano não, mas infelizmente os brasileiros bem-educados e super informados que conheço, não moram no Brasil, ou já saíram pelo menos uma vez do país, ou ainda seguem padrões internacionais!
    ***
    Já li muito sobre este assunto e MINHA opnião sobre isto é: 'bater numa criança, jamais!'
    'e não bater em ninguém nesta vida'.
    Eu tenho que isto é uma questão de respeito!
    Percebe-se que a criança se sente humilhada com este ato, que ela se torna pequena e desvalorizada (nem que seja por 1 segundo) em nossas mãos...
    mas MINHA opnião vem acompanhada de outros preceitos, se a criança cresce um pouquinho que seja num lar agitado, a coisa já muda; se a mãe é de gritar, já muda... tudo muda conforme a forma que fomos criados e o lar que enfiamos na criança... e todos sabemos que tem criança por aí que parece não ter jeito, só batendo! hehe
    Mas a educação que a mãe quer dar é aquela e daí?! O importante é realmente existir este tipo de divulgação, por aí a mãe aprende algo e aprende a ser dosada no assunto, se ela não deixar de dar as palmadas rotineiras, pelo menos não vai espancar (como fazia minha mãe... mas nunca em mim... por ser menina talvez).
    ***
    O ideal seria se toda as mulheres fossem calmas, mas cada mulher é como é... e isto vem de muito tempo... foi preciso a mulher sair de casa e trabalhar pra ser valorizada... isso é outro assunto... mas tudo relaciona!
    ***
    O certo é: Se a criança amar demais os pais, ela nunca vai querer magoá-los!
    ***
    Certa vez foi feita uma pesquisa com várias crianças de vários países... pouquíssimos países, como nosso querido Brasil (crianças Brasileiras) responderam que não sabiam porque precisavam estudar!
    É!
    É a educação que move o mundo!
    Precisamos olhar isto aí!
    ***
    Certa vez uma criança desenhou na parede da sala do apartamento temporário dos pais... logo em seguida viu a mãe chorando e explicando pra criança como ela ía pagar o que o filho tinha feito, pois não tinha dinheiro algum... logo em seguida viu a criança com um paninho tentando tirar o desenho...
    Uma outra criança desenhou na parede do próprio quarto e a mãe não ligou, pois o quarto da criança é o único bem que ela tem pra ela na casa... muitos amiguinhos reclamaram que tava feio... outra mãe que vê a mesma sena do paninho!
    ***
    Tomar decisão do que achamos certo é imediata!
    Mas as decisões depois das imediatas é que são as certas!
    ***
    Tudo é uma questão de depender!
    O que queremos para nossa vida e a de nosso filho?
    ***
    Um beijo no coração!

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  4. aiiiii, eu sou contra bater, mas acho ainda melhor bater do que fechar a cara e ficar com raiva ou ficar gritando... sei lá...

    beijo

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  5. Acho que o que vale eh a intencao.A verdaddeira intencao do seu ato.O ser humano erra,nos erramos,os filhos erram.Existe uma diferenca grande em bater e espancar.Outra coisa eh o bater virar habito.Toda hora uma palmada,um tapa.Tentar conversar antes eh uma boa ideia,mas as vezes nao funciona,acho horrivel tambem passar horas falando a mesma coisa ou ameacando,ou chantageando ou se jogando no chao.Acho que as vezes se faz necessario,impor limites e infelizmente nem sempre com conversa basta.Tambem deve se levar em conta a idade da crianca,voce nao vai bater num bebe ou numa crianca que ainda nao entende ate onde vai o certo e errado.Conta tambem onde bater: na cara,na cabeca ou com objetos eh inaceitavel!
    Acho que sou contra espancar,sou contra a violencia sem limites e sem razao.Acho que a crianca vai entender um dia,quando ela crescer e ver que aquele tapa foi por amor,por correcao,nao com intencao de judiar ou humilhar.Ha males que vem para o bem.
    Kelly.

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  6. rosana,
    eu tb apanhei muito na minha infância, e as lembranças definitivamente não são boas... nem minha relação com meus pais, hoje em dia.
    acho q bater é desrespeitar. é impor uma ordem (qq q seja) pela força, e não pela hierarquia (q deve existir numa relação pai-filho).
    é difícil, eu bem sei. às vezes, chega uma hora q a gente se cansa (de argumentar, de explicar, de mandar) e simplesmente IMPÕE pela força.
    procure distrair a criança daquilo q ela está fazendo errado. se vc já disse mil vezes "não faça isso" e a criança continua fazendo, invista sua energia e mude a criança de lugar, por exemplo, ao invés de bater nela... mude o foco, entende?
    por outro lado, eu, particularmente, acho q uns trancos de vez em qdo ajudam a mostrar "sutilmente" para a criança q quem manda é vc, até pela força q vc demonstra nesse tranco, entende? um chacoalhão pra chamar a atenção, mas NADA, NADA agressivo, um TRANCO apenas.
    o problema, rosana, é q qdo batemos, invariavelmente, já estamos à beira de um ataque de nervos, estamos nervosas, frequentemente exageramos...
    outra coisa: não-bater é um aprendizado, q conseguimos desenvolver ao longo de nossa experiência como pais, tendo sido filhos q apanharam...
    eu bati mais no meu filho mais velho, dei mais tapas na minha filha do meio, e raramente encosto a mão na minha filha caçula. não q ela seja especial, mas pq aprendi, nesses anos de carreira de mãe, q existem outras maneiras de fazer uma criança me obedecer! me arrependo muito de alguns tapas dados no mais velho, mas eu sou humana, errei, hoje penso e ajo diferente, estou mais madura. se ele repetir com o filho dele o q passou comigo numa escala menor (como eu fiz), já tá de bom tamanho...
    ok?
    bjs nas crianças e força aí!!!
    ana b.

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  7. Quando meu filho faz arte, me dá vontade de dar umas palmadas, mas logo me lembro da minha infancia e desisto logo de dar as palmadas, apanhei muito quando criança, e não quero que o meu filho tenha as mesmas lembranças que eu. beijos sonia

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  8. Rosanaaaa :o) Vim agradecer a visita... viu? te achei!

    E encontrei esse post da blogagem da PR.
    Tapas ainda me escapam - eu comento isso no meu post, e eu sei que cada um deles é um erro. Ainda assim eu quis participar da blogagem porque sou 100% contra bater. Nenhum dos tapas que me escapam é pensado. Eu nunca disse coisas como "se não fizer, te bato!" Não que isso apague o erro, mas me dá a sensação de que estou próxima de conseguir controlar o impulso. Gostaria de não gritar também... mas tem hora que controlar o meu trio, ai que difícil que é!

    Mas adorei seu post, porque contribui pra acabar com esse tique da nossa cultura.

    BEIJOS!
    Roselene.

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  9. Nossa dificil isso hein!!
    Mas como meu bebe ainda esta guardadinho, penso em nao dar palmadas, no muito o castigo...pois foi assim que minha mãe fazia e assim tinha mais respeito por ela...
    Meu pai era no estilo do seu, com a diferença de que ele me batia sempre pelo motivos mais idiotas, e eu como vc desejei mil e uma coisas, e fugi varias vezes.
    Mas bater no filho nao faz com que ele te respeite mais, e sim tenha medo de você.
    E com o tempo ele continuará fazendo as mesmas coisas pois apanhar será a conseguencia que ele ja estará acostumado e não se importara, e aind será capaz de pensar como eu pensa, se eu fazer apanho, se eu não fazer vou apanhar do mesmo jeito, então prefiro apanhar por ter feito.
    bjs

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  10. eu sou contra bater de cinto tipo surra msm mais um tapinha as vezes realmente precisa..

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  11. Bem que outro dia vc escreveu que na sua família vcs também são em cinco filhos... e nossa história se parece... com as diferenças que eu sou caçula de 4 homens.
    Quando tiver meus filhos também não quero bater neles... mas como vc disse... as vezes um tapinha, que dói mais em nós do que neles, é bom! por limites é uma das coisas eu acho essenciais na educação de filhos... tenho lido e tenho aprendido muito!

    "O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga." (Provérbios 13 : 24)

    é melhor o filho chorar quando pequeno, do que os pais chorarem quando o filho estiver grande!!!

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  12. "Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá." (Provérbios 23 : 13)

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Faaaala que eu te escuto...